AMÉLIA EM TRANSE B.N.L. e Thaís Melo, 15’, UFJF

Sinopse

No último dia de filmagens, um diretor excêntrico precisa lidar com personalidades extremamente distintas para que sua visão artística se concretize. Mas, com um cenário desses, o que pode dar errado, não é mesmo?

Contato

marinapessato.cinema@gmail.com

FICHA TÉCNICA

Direção: B.N.L. e Thaís Melo

Produção: Carolina Rodrigues Mendonça

Roteiro: Carolina Rodrigues Mendonça, Danielle Menezes e Renata Dorea

Fotografia:Danielle Menezes e Iago de Medeiros

Direção de Arte: Luiza de Amorim

Som Bianca Assis e Stella Maria

Montagem: Thaís Melo

Trilha Sonora: Bernardo Wilberg

Crítica

Quando falamos sobre documentários que absorvem do formato de registros visuais memoráveis, como Talking Head (1980), de Krzysztof Kieślowski, observamos certas entrevistas com um outro aspecto cinematográfico. Assustadora, filme de Letícia Maier, inaugura seus segundos iniciais brincando com o próprio gênero do horror. De certa forma, até os patrocinadores e créditos são articulados para parecer uma paródia do gênero, o que torna o filme além de informativo, um filme interessante.

O documentário coloca em jogo o lugar de exclusão feminina no gênero de horror, o que infelizmente acontece até hoje. O rosto e o corpo feminino no gênero é geralmente utilizado para criar uma espécie de prazer no olhar masculino, principalmente na transição do cinema clássico para moderno. As características femininas no gênero são quase táteis, parece que homens vão olhar para aqueles detalhes e violar aqueles corpos e essências construídas com o tempo.

Felizmente, o documentário mostra um olhar positivo sobre o futuro, por mais que ainda homens dominem as cadeiras de direção, mulheres começam a estimular seus olhares e fixar suas posições de pertencimento. Como a própria pesquisadora expressa no curta, as mulheres sempre estiveram ao redor do gênero, o que os homens realmente não querem é uma voz feminina que denuncie o olhar misógino que dura anos.

Amélia em Transe – Universidade Federal de Juiz de Fora | Dir: B.N.L. e Thaís Melo – 15min

Com a câmera próxima do seu rosto, a protagonista expressa palavras para um gnomo, seu rosto é inocente, como seu próprio local de ambientação. De repente, ouvimos um agressivo, ‘’corta’’, não estamos assistindo um filme, estamos também participando dessa narrativa.

Obra dirigida por B.N.L e Thaís Melo, o curta-metragem retira toda a romantização que é criada no processo artístico para mostrar como funciona um verdadeiro set de filmagem. Se os espectadores achavam que a engrenagem artística funcionava através do amor e a preservação da paz, vai olhar um conteúdo audiovisual com outros olhos, porque por mais que seja uma comédia metalinguística, a película consegue ser autêntica, principalmente por não ignorar o fato de todas aquelas movimentações também fazem parte de uma mentira, uma mentira nomeada cinema.

Diante das dificuldades, mesmo produzindo um filme com edital, acompanhamos a trajetória dos 6 personagens, o diretor, a produtora, o cameraman, a atriz, o estagiário e a própria câmera. A movimentação da câmera é extremamente importante para causar efeitos específicos nos espectadores, ela pode ter composições interessantes, mas ao mesmo tempo demonstra amadorismo, da mesma forma que aquela equipe de pessoas são.

Das caricaturas presentes na narrativa, nós que trabalhamos com cinema, sentimos uma representação com cada personagem, porque um set de filmagem é como se fosse um ano ou uma vida naquele contexto. Às vezes, somos o diretor, a produtora, o cameraman, a atriz e o estagiário em um intervalo de poucos dias de trabalhos, mas o mais importante, também somos a câmera, também fazemos parte do registro das risadas e colapsos.

Wandryu Figueredo