Cabiluda aColleto, Dera Santos, 20’, UNIAESO
Sinopse
Dimitri está vivendo o começo de um romance quando as coisas começam a fugir de seu controle. A sensação de que algo está lhe perseguindo só faz crescer, mas a vontade de viver aquele romance é maior. Nunca antes os pelos femininos foram tão aterrorizantes.
Contato
dera.sants@gmail.com
FICHA TÉCNICA
Direção: aColleto, Dera Santos
Produção: Gabriel Cabral
Roteiro: aColleto, Dera Santos
Fotografia: aColleto
Direção de Arte: Ossy Nascimento
Som: Anderson Barros
Montagem: aColleto, Dera Santos
Trilha Sonora: Thaís Barreto
Crítica
O terror ganha forças com as apropriações e misturas propostas pelos realizadores aColleto e Dera Santos no curta metragem Cabiluda, que parte dos artifícios da monstruosidade para atualizar a lenda pernambucana da Perna Cabeluda. Acompanhamos as reviravoltas na festa de Dimitri, jovem cis-branco de classe média, que se revela agressivo e machista com sua parceira Ester. Após uma noite regida por uma montagem pulsante dos corpos dançando e curtindo a festa, Dimitri fica sozinho, aí que surge Cabiluda, monstruosa e poderosa para vingar suas amigas.
O filme vai na contramão de uma certa tradição do cinema de terror cujas personagens femininas respondem unicamente aos desejos do olhar objetificador masculino. Aqui, o enredo opera os medos dos espectadores para desnaturalizar as violências de gênero, em especial, aquelas disfarçadas em práticas do cotidiano. A lenda recifense vem como uma perna feminina, alheia aos padrões machistas, com as unhas impecáveis, e capaz de atrocidades contra o típico “esquerdo-macho”.
Nessa releitura, acessamos a cidade na sua materialidade, como a cena de abertura que é uma perseguição angustiante pelas paisagens consagradas de Recife. E lidamos também com a imaterialidade dessa cidade, presente na contação da lenda urbana, a qual é agenciada no filme através da apropriação desse imaginário urbano para alargar as possibilidades de seres e existências em Recife.
Paulo Pontes