Cenas Da Infância Kimberly Palermo, 5’, UFF

Um pequeno camundongo vive uma infância tranquila. Ele come biscoitos caseiros, brinca com suas bonecas e ouve contos de fadas antes de dormir – até que uma noite de insônia o faz romper com seu mundo idílico.

kimberlypalermo@id.uff.br

Produção: Gabriel Ferreira

Fotografia: Gabriel Ferreira

Roteiro: Kimberly Palermo

Direção de Arte: Felipe Siqueira, Kimberly Palermo

Animação: Gabriel Ferreira, Kimberly Palermo

Montagem: Gabriel Ferreira, Kimberly Palermo

A criação de imagética de uma família perfeitamente “normal” é feita logo nas primeiras cenas do curta Cenas da Infância, essa feitura é construída apresentando o cotidiano ameno desses familiares, sem que nada saia muito do padrão estabelecido pelo senso comum. Tudo isso é mostrado pela visão do filho do casal, o qual vive blindado pela redoma da inocência arquitetada pelos seus pais, contudo, uma noite essa fortaleza é destruída pelos seus próprios criadores, pois o filho entra no quarto e avista seus pais revelando toda a promiscuidade que procurava omitir da sua prole.

Após encontrar sua mãe no papel de dominatrix e seu pai vendado e amarrado na cama enquanto levava chicotadas da sua companhia, o filho do casal passa a viver aquele mesmo cotidiano exposto no início do filme de um jeito diferente. Ele não olha para suas atividades diárias da mesma maneira depois de encarar uma esfera distante aos olhos de uma criança. No entanto, o filme faz justamente uma crítica a todo esse pudor perante as realidades vividas entre quatro paredes, além de recriminar a censura a todos os desejos e possibilidades as quais esses ambientes são capazes de proporcionar.

Na cena final do filme os pais sobem em cima da mesa e transam na frente do filho, desconstruindo por completo a ideia institucionalizada de uma família tradicional, detentora dos bons costumes. A tacada de gênio vem justamente em um dos gestos do filho, que ao observar essa cena, no lugar de choque, ele compreende os prazeres originados a partir daquelas ações e decide tirar proveito desse júbilo.

Tainá Brasileiro