Concha de Água Doce Lau Azevedo e João Pires, 11’, PUCRS

Sinopse

Após anos vivendo na capital, Ariel retorna à sua cidade natal no litoral com uma nova identidade de gênero, tendo que lidar com todos os sentimentos que ficaram internalizados durante essa ausência ao mesmo tempo em que reencontra sua irmã mais nova, Ana.

Contato

luisasilschw@gmail.com

FICHA TÉCNICA

Direção: Lau Azevedo e João Pires

Produção: Luísa Schwengber e Victor Sartori

Roteiro: Lau Azevedo, João Pires, Victor Sartori, Gustavo Leandro e Nathan Kaspary

Fotografia: Nicolas Cunha

Direção de Arte: Lia Gazzola

Som: Gustavo Leandro

Montagem: Gabriela Stein

Trilha Sonora: Pedro Spieker

Crítica

Emergindo das águas doces ao encontro de reconhecer seu próprio deslocamento, é dessa maneira que a história de Ari, um homem trans, começa com intercalações de passado e presente, apresentando a conexão de quem era com quem é. Nesse diálogo entre a memória e o agora vemos as motivações para o retorno de Ari a sua cidade natal, de onde se afastou na busca de suprir em horizontes maiores os afetos os quais lhe foram negados. Ao regressar, vai logo ao encontro da sua irmã, a única familiar que aparentemente ansiava pela sua volta e pela conversação entre Ari e Ana nos é divulgado o sentimento de incompatibilidade com aquela cidade e a necessidade de se distanciar para se encontrar consigo mesmo.

A narrativa cinematográfica do curta expõe magnificamente inúmeras metáforas as quais conversam com as emoções de Ari, como a ideia da conchar de mar em água doce que urge pela salinidade do oceano. Seu temor de evaporar no caso de permanência naquele espaço o transporta para onde seu passado não o aprisiona a um arquétipo determinado através dos olhares alheios.

Então, por que voltar? Porque mesmo se deslocando, seu passado permanece e as águas doces do rio continuam a carecer da concha que uma vez se localizava submersa no seu meio. Ana continua a se culpabilizar pela partida do seu irmão e o esclarecimento por parte de Ari é preciso para reconectar os laços rompidos desnecessariamente. Portanto, mais uma metáfora é apresentada ao espectador no final do filme, quando Ari mergulha nas águas doces do rio do seu passado e assim apaziguar os atritos entre a infância e a maturidade.

Crítica por Tainá Brasileiro