Elos da Matriarca Thor de Moraes Neukranz, 19’, UFPE

Sinopse

Luzinete vive na periferia do Recife, a matriarca encara a vida com afeto e bom humor. Além dos arquivos de 1995 e 2005, novas filmagens de 2020 completam Elos da Matriarca. Com a pandemia, Luzinete e sua amiga Ana desdenham dos riscos. A impensada infecção acontece e tudo muda.

Contato

thor_neukranz@hotmail.com

FICHA TÉCNICA

Direção, Produção, roteiro, Fotografia, Som: Thor de Moraes Neukranz

Montagem: Herbert C. Silva

Crítica

Elos da Matriarca é um filme corajoso ao elaborar por meio da intimidade familiar como foi encarar a pandemia no Brasil. Essa difícil missão do cinema em dar conta das situações impostas por sua época, é tomada com maestria por Thor de Moraes Neukranz, que mistura o passado e o presente para evidenciar como elos familiares e de comunidades responderam aos desafios do isolamento impostos pela, na época, desconhecida Covid. A montagem, já premiada na Jornada de Estudos do Documentário, se destaca ao costurar os registros de celebrações da família, em que a protagonista e anfitriã Luzinete aparece celebrando os filhos e netos, com as impossibilidades e angústias dos encontros na pandemia após Luzinete receber um diagnóstico positivo para coronavírus.

Acompanhar as incertezas e medos que todo mundo passou no início, lidar com o isolamento e a saudades, buscar caminhos para que os encontros aconteçam seguindo os protocolos, todo esse cotidiano pandêmico Thor nos compartilha com muita sensibilidade e honestidade. Apesar do final esperançoso e abençoado por dona Luzinete, que defuma a casa e a família para a recepção de um novo ano, com as chegadas das vacinas já no horizonte próximo, ainda é preciso lembrar e saudar aqueles que não sobreviveram à pandemia. Os elos da matriarca continuam, mas a comunidade construída entre vizinhos, que encontram-se para conversar na porta de casa, está fragmentada: Ana Falcão é reverenciada ao final pela sua partida. Além das outras milhares de vítimas da Covid, que desvelam o tamanho da barbárie cometida por aqueles que deviam governar pela vida, pela comunidade e, também, pelo bairro de Água Fria, em Recife.

Paulo Pontes