Mondo Cacho Matheus Leone, 19’, UFRB
Sinopse
Relatos de dois ex-estudantes do curso de Cinema e Audiovisual sobre suas vidas na cidade de Cachoeira, Bahia, onde está localizado o Centro de Artes, Humanidades e Letras – CAHL da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, e os conflitos gerados com os moradores mais antigos da cidade por conta da migração dos estudantes para lá.
Contato
leone.matheus@gmail.com
FICHA TÉCNICA
Mondo Cacho
Direção: Matheus Leone
Roteiro: Matheus Leone
Som: Gabriel Paz
Montagem: Gabriel Paz
Crítica
Não é incomum na parcela universitária da produção cinematográfica ver filmes-ensaio em que autores refletem sobre si. Pensar-se como personagem é a experiência de se dimensionar e organizar vivências e aventuras no mundo. Ao abrir de “Mondo Cacho”, dirigido por Matheus Leone, já está dito como são contadas as histórias: uma pessoa parte em uma jornada ou um estranho chega à cidade.
É essa a bivalência aqui: um nativo, Flávio, ingressa na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e uma forasteira, Bruna, também. Pode ser óbvio pensar em como as experiências moldam os indivíduos, mas as lembranças das festas da Quinta do Preto Velho, na Rua 25, localizada na cidade de pouco menos de quarenta mil habitantes chamada Cachoeira, lugar que recebe na época da interiorização das universidades federais o Centro de Artes, Humanidades e Letras, vulgo CAHL, mostra o quanto as pessoas também moldam os espaços e as experiências.
Cachoeira é uma cidade que vive de memórias e o audiovisual tem tudo a ver com isso, diz o nativo. A transformação geral é trazida em relatos com tensões próprias. Do lado do nativo, nem todos se dão conta que o espaço também é ocupado por alguém que é de lá, o que leva à escuta das diferenças dos desordeiros do CAHL em relação à cidade. A forasteira Bruna narra sua chegada de Minas até o sul da Bahia, seu desenvolvimento e as violências homofóbicas sofridas. Não se engane: nada é dito com ressentimento ou raiva, apesar do segundo soco na cara ou dos abaixo-assinados para expulsar a universidade da cidade com todos os ”maconheiros, traficantes e vagabundos”.
A cidade também muda. O relato sobre o amigo Reifra, antes atacado por palavras homofóbicas, que se torna amigo dos vizinhos de Bruna que aquilo fizeram, é prova desse constante movimento e entendimento entre as partes. A memória das imagens é uma gostosa montagem de filmes realizados pelos alunos do curso que também marcam aquela memória. Dá vontade de ser universitário, voltar a ser ou ter orgulho de estar o sendo e, quem sabe mudar, um mundo de cada vez.
Raphael Prestes