MY FAT ARSE AND I

Direção: Yelyzaveta Pysmak

Roteiro: Yelyzaveta Pysmak

Montagem: Natalia Jastrzebska

Elenco: Anna Dluzniewska

Animação: Michalina Musialik, Agata Perszutów, Magda Sych

O reflexo no espelho e o adeus a sua versão passada, em My fat arse and I, traz conforto, depois dos momentos mirabolantes e de uma série de desventuras, que acometem a personagem principal, após o ato de não conseguir caber em uma calça. A briga inicialmente pode parecer apenas interna, mas ao decorrer dos acontecimentos isso se torna questionável.

Em um cenário de sonho e alucinação, que nos é proposto no filme da cineasta polonesa, Yelyzaveta Pysmak, a animação que valoriza os traços e contornos, em detrimento do resto, nos faz pensar como a busca por um padrão de beleza, idealizado pela sociedade, pode ser altamente nocivo e um bom primeiro passo é o amor próprio e a aceitação.

No filme, a balança é a grande vilã, mas não por ser a fonte do problema ou causador do conflito, e sim por escancarar a verdade. Se sentindo oprimida, a personagem luta. O mais interessante na obra, talvez seja como a mesma traz o espetáculo, o que funciona até mesmo como autocrítica ao próprio filme que externaliza uma guerra da personagem, essa que não apenas deseja se sentir bem consigo mesma e caber numa calça, ou comer o que deseja, mas que, também, precisa de aprovação da sociedade que está a todo o tempo assistindo e que o show só acaba quando ela se enquadra nos padrões estéticos. No final, seja qual for a mensagem que a diretora quis passar com a narrativa, ela é capaz de divertir e ao mesmo tempo funciona como crítica e autorreflexão.

André Assis