No Caminho de Casa Hugo Lima, 10’, AIC

Sinopse

É comum ver personagens pretos do sexo masculino serem retratados em situações de indignidade, subalternidade e ou nos extremos de suas emoções, delegados a violência e brutalidade. No Caminho de Casa propõe uma realidade pouco explorada: a Real, o cotidiano banal. 3 homens pretos, de gerações diferentes que interagem entre si com respeito, afeto e amor. Num mundo onde é vetado o amor entre homens pretos, amar e cuidar são declarações de guerra.

Contato

hugoaniculapo@gmail.com

FICHA TÉCNICA

Roteiro, Direção, Fotografia e Montagem: Hugo Anikulapo Lima

Produção: Carol Netto

Assistente de Direção: Uilton Oliveira

Direção de Arte: Lais Souza

Assistente de Arte: Nathali de Deus

Maquiagem: Patrícia Rodrigues

Som direto: Giuliano Lucas

Correção de cor: Saulo

Crítica

O próprio título do filme de Hugo Anikulapo Lima, No Caminho de Casa, demonstra uma visualização de um contexto que podemos visualizar, a família. O trajeto que percorremos muitas vezes já são fragmentados da nossa casa, as pessoas, os objetos e até mesmo a comunicação. Sem muitas apresentações, No Caminho de Casa, fala sobre o processo de comunicação e afeto entre gerações diferentes de homens negros.

A obra é dividida paralelamente entre dois locais, o carro e o apartamento do avô. Ironicamente, quando seus corpos estão em estado de repouso no carro, começa uma tentativa de diálogo entre um pai e o filho, dentro do carro pode não acontecer grandes movimentações, mas fora ele anda com uma certa velocidade até seu destino. No plano conjunto dos dois personagens, a tela parece dividida, o pai ocupa o maior espaço no plano e o filho parece retraído diante daquela situação.

Os outros personagens que surgem através de áudios ou imagens, são uma espécie de futuras caricaturas dos personagens. Quando os corpos negros não exibem afetividade, o máximo que pode acontecer é um amor distante, como o relacionamento dos personagens com outros familiares negros. Um amor distante que muitas vezes demora anos para expressar um sentimento ou um olhar. O colar azul divide os corpos dos dois personagens no próprio carro, não é por causa desse colar azul que eles estão distantes, eles já nasceram com um certo distanciamento. Na cultura negra, não podemos demonstrar afetos, nem mesmo em um carro em movimento, o máximo que a sociedade permite é um homem de 80 anos preparando um chá para seu filho e neto. Porém, quando eles chegarem, não existirá abraços, mas um silêncio sem comunicação.

Wandryu Figueredo