NONADA Luiz Apolinário, 25’, UFPE

Sinopse

Dois corpos nonada; carregando nada além de, cada um, seu colar de madrepérola.

Contato

tinhaquesernegro@gmail.com

FICHA TÉCNICA

Direção: Luiz Apolinário

Prod. Executiva Diana Paraiso / Produção Diana Paraiso, Rayanne Sales e ROBY Roteiro: Luiz Apolinário

Fotografia:Douglas Henrique e Felipe Sousa

Direção de Arte: Luiz Apolinário

Som: Douglas Henrique

Montagem: Luiz Apolinário

Trilha Sonora: F1lhodocaos

Crítica

Há um som grave sempre presente enquanto tudo está desnudo em ”Nonada”, fílmica performance dirigida por Luiz Apolinário. A sensação tátil e física do som grave – que se sente nas entranhas – é o plano onde se desenrola os movimentos não convencionais das figuras em tela. Os corpos nus, salvo colares iguais que ambos os atores usam, ocupam um MAMAM (Museu de Arte Moderno no Recife) mais nu ainda. As paredes brancas e espaços vagos permitem que os corpos caiam, se arrastem e busquem os movimentos. Há algo de visceral, visceralidade animalescamente humana, enquanto os corpos vagam e se deparam com fogo, objetos pontiagudos, panos e frutas.

Ao toque do título, das ninharias e insignificâncias, aqueles pequenos achados, em espaços tão vazios, conduzem sensações cruas entre as interações. Tudo parece ser visto a primeira vez e os objetos em si pouco dizem de início. Ao tom da experimentação das figuras humanas, os fios de tecido são postos em emaranhados entre as duas figuras que se comunicam apenas pelo olhar; os facões, tesouras e estiletes fazem esse mesmo olhar ser violento e desconfiado; as frutas são esmagadas a mãos próprias e tem-se fome. Quando roupas são apresentadas, pouco importa àquele momento: não há norma para poses ou encaixes das peças e o fogo é objeto de fascínio sempre e nunca explicável.

“Nonada” tem coisa de âmago, sem coberturas, sem excessos visuais, o ali e o que se sente ali, enquanto pequeno e humano, enquanto carrega-se o outro, enquanto não se adequa-se, enquanto se tem pele, enquanto chora.

Raphael Prestes