Nur Felipe Karnakis, 8’, UFPE

Sinopse

Nur é luz em árabe. Fotografia é a escrita com luz. Fotos antigas em baixa resolução e rostos borrados de primos distantes, são ferramentas para traçar uma narrativa dos povos árabes no Brasil. Tudo isso, assim como a luz se apresenta muitas vezes sem nitidez e de maneira opaca, espelhando a memória e suas marcas do tempo. Entende-se que o mundo árabe constitui mais de 22 países e muitas etnias. A peça não busca aglutinar todas essas histórias em um enredo, mas sim a confusão e marcas desses encontros no Brasil.

Contato

felipekbazzi@gmail.com

FICHA TÉCNICA

Direção, Som e Montagem: Felipe Karnakis

Roteiro: Nuria Karnakis e Felipe Karnakis

Crítica

Exibido pelo MOV em sessão chamada “Andar para trás”, “Nur”, dirigido por Felipe Karnakis, começa dando corda em um relógio. O tempo volta enquanto embarcamos para outro lado de um Atlântico tão próximo, em lugares que ainda não vimos, mas que já foram vistos por alguém.

As cinzas fotografias que entram em sucessão na tela mostram ‘alguéns’ com nomes. Quem nos diz é uma voz que revela que todos os caminhos contados são passos dados para mais longe das imagens que vemos, até onde o lugar em que nós a vemos. A voz – masculina, envelhecida – nos diz em português, mas com sotaque de outro canto. As imagens nos mostram de onde. Nos é dito que lá, a realidade era trabalho, mas havia carinho. Em terra brasileira é igual, mas sem carinho. A condição de vê-las – tão rápidas as memórias são – em um discurso fílmico maduramente conciso, cresce o som do relógio à mente, em edição prodigiosa com as imagens fixas. Até quando estamos voltando? Os nomes tão incomuns para a cultura brasileira são dados sem titubeio, ribombam as feições que encaramos sem movimento próprio.

A voz, que logo abandona o sotaque para perguntar em língua mãe – que trata com mais carinho – que caminhos foram andados, que palavras proferidas, volta à origem. As imagens não se movem, o tempo se move. Nós olhamos para as imagens sem piscar. Elas se aproximam de nós.

Crítica por Raphael Prestes