O Céu de Lá Bernardo Tavares Rosa, 24’, PUC
Sinopse
Sobre a casa de Maria e Luiza, em Duque de Caxias, passam aviões. Todo dia, o lugar estremece com o barulho do céu. As duas moram no lugar há cinquenta anos, mas suas histórias não começaram ali.
Contato
bernardotavaressc@gmail.com
FICHA TÉCNICA
Direção: Bernardo Tavares Rosa
Produção: Ana Clara Tavora, Bernardo Tavares Rosa e Stephanie D’Tuani
Roteiro: Bernardo Tavares Rosa
Fotografia: Ana Clara Tavora, Bernardo Tavares Rosa e Stephanie D’Tuani
Som: Ana Clara Tavora, Bernardo Tavares Rosa e Stephanie D’Tuani
Montagem: Camille Miranda
Crítica
O som das turbinas de avião em atividade, presente na abertura, fim e nos meios de ”O Céu de Lá”, dirigido por Bernardo Tavares, indica a passagem das coisas. Remontando a história das mulheres migrantes da sua família, com foco em Maria e Luiza, avó e tia-avó do diretor, pensa-se sobre distâncias e tempo.
O som de rádio enquanto Fagner toca a música de Nando Cordel ”Você endoideceu meu coração” é acompanhado por um andar devagar de uma senhora em um andador. O forró indica o nordeste. As memórias vão se soltando com o apreço pelas fotografias e os olhares no horizonte. Nasci, me criei, trabalhei, namorei e tomei banho de rio lá – é parte das lembranças de Luiza sobre o Ceará de origem, aqui transcritas com o perdão da eventual perda de detalhes pelo efeito do tempo entre a exibição e a escrita. Esse mesmo tempo que leva coisas, mostra o que vai ficar e o que não foi. Sonhando em casar com um doutor e ter cinco filhos, Maria se casa com um caminhoneiro que morre de malária e assim ela migra. A irmã queria ser policial ou repórter, já que repórter anda muito. A realidade se impõe ao sonho. O sotaque diferente entre mães, filhas e neto é mais um caminho da migração do tempo.
Envelhecer é rememorar a vida. É ver o trajeto do avião que decolou há um bom tempo e que tem destino certo, mas por caminhos nem sempre claros. Há cinquenta anos de distância do Ceará, o que fica na memória é a beleza de antes, a santa que apareceu no céu, o triste dia que a seleção foi tricampeã e as memórias gravadas pelo neto enquanto se senta fora de casa, esperando o próximo avião passar.
Raphael Prestes