O medo é um efeito colateral Alexandre Alves, 11’,UNIAESO
Sinopse
João é vacinado contra a covid-19. Ao chegar em casa, percebe que os únicos efeitos colaterais são o medo e a paranoia induzidos pelo consumo de notícias falsas.
Contato
alexandrealvessjr@gmail.com
FICHA TÉCNICA
Elenco: Marcio Souza, Bella Neuvesselle, Igor Alves, Croc
Roteiro: Alexandre Alves, Caio Ramon e Monyque Andrade
Direção: Alexandre Alves
Assistência de Direção: Monyque Andrade
Produção: Alice Barreto
Direção de Fotografia: Douglas Henrique
Direção de Som: Caio Ramon
Direção de Arte: Mila Marques
Montagem: Douglas Henrique e Caio Ramon
Figurino: Camila Pessoa
Platô: Juan Oliveira
Coloração: Douglas Henrique
Mixagem de Som: Douglas Henrique
Crítica
Crítica do filme O medo é um efeito colateral de Alexandre Alves _ por Paulo Pontes
O protagonista, um homem de meia idade, encarnado com muito humor por Márcio Souza, enfrenta os medos e as angústias do isolamento social por causa da pandemia da Covid, assim como provavelmente todos nós passamos. Preso na solidão do seu apartamento, rígido aos protocolos, ele só sai para tomar vacina por causa de uma armadilha criada por sua filha. Em casa, vemos ele acompanhando canais negacionista e de difusão de fake news, e na imersão desse mundo, o enredo ganha o tom dramático e irônico. No meio disso, o alívio cômico nos permite respirar diante dos gatilhos acionados durante a sessão.
O medo é um efeito colateral assume o árduo desafio de elaborar as ambiguidades das fakes news e os discursos violentos do genocida (e, em breve, ex-presidente) Bolsonaro e, para isso, aposta no humor ao brincar com as aleatoriedades e paranóias do cotidiano da pandemia, como o protagonista utilizando o secador de cabelo no rosto para evitar a covid. No caminhar da narrativa, há também a reprodução de vários trechos longos dos discursos de Bolsonaro, todos já amplamente conhecidos, mas se avança pouco na desestruturação da violência que habita na própria reprodução das falas genocidas, proferidas com a intenção de serem espetacularizadas. Não à toa, essas imagens monopolizaram as redes sociais por tempos e rever isso no ecrã foi um tanto indigesto. Nem no final, o filme escolhe a sugestão, até o efeito colateral mais escatológico estava materialmente lá, em cena.
Paulo Pontes