Paola Ziel Karapotó, 16’, UFPE

Sinopse

Paola e Ziel cresceram no território indígena Karapotó, no interior de Alagoas, porém em suas juventudes acabaram seguindo caminhos diferentes. O filme é um reencontro na cidade de Recife, em um ritual de cura e afeto, revivendo laços de amizades.

Contato

tungakarkara@gmail.com

FICHA TÉCNICA

Direção: Ziel Karapotó

Prod. Executiva: Ziel Karapotó, Ubiratã Pariri / Produção: Karkará Tunga, Ubiratã Pariri Roteiro: Ana Paola Karapotó, Karkará Tunga, Ubiratã Pariri e Ziel Karapotó

Fotografia: Abiniel J Nascimento, Karkará Tunga, Mitsy Queiroz e Ubiratã Pariri

Direção de Arte: Ubiratã Pariri e Ziel Karapotó

Som direto: Caio Tupã / Desenho sonoro: Karkará Tunga

Montagem: Karkará Tunga

Crítica

Paola é como as plantas e há um grande ensinamento nisso. Em um de seus planos mais bonitos, o filme Paola, dirigido por Ziel Karapotó, mostra a personagem-título em um pequeno barco indo em direção ao Marco Zero da cidade do Recife, ato que parece ser um retorno simbólico em sua diegese, ou espaço fílmico.

O figurino florido e colorido que ressalta a figura de Paola contrasta os cenários profundamente cinzas do urbano. O vestido, bem como todos os elementos, se coloca no filme como um dos vários enfrentamentos postos à mesa com o parente: a planta é um ser vivo igual a nós, cresce igual a nós – diz, mais ou menos assim, Paola em reflexão.

Comprando flores durante os dias nas ruas do Recife, seu corpo pode ser visto como desviante – a câmera nos traz o uso de desfoques no espaço urbano que parecem longe do acidental: o que não querem ver em Paola? – à mesa com o parente, só lembranças de conforto – como as noites sabem trazer – pela presença, reza, águas e cores. De uma forma ou de outra, a figura de Paola e suas flores de reza – nas águas, que são tão importante meio de transporte para os que o respeitam e para o filme – se confundem entre os planos sobrepostos pela transparência, e as cores se completam pelo cinza da cidade e da fumaça que se larga desde a primeira conversa na mesa, entre os parentes e entre os cachimbos.

Ao final da grande reflexão à mesa, os bastidores, que vieram antes como som durante os trechos iniciais com os usais patrocínios, nos retornam da mesma maneira, mas em canto: Deus no céu e os índios na terra. A dança vira reza. E que assim seja.

Crítica por Raphael Prestes