Procura-se Bixas Pretas Vinícius Eliziario, 25’, UFBA
Sinopse
“Durante a audição de um teste de elenco, concorrentes realizam um monólogo em que contam as vivências sobre afeto e identidade de duas personagens.
Contudo, a cena entregue sobre Darnley e Tigrezza, se entrelaçam com suas próprias vivências criando uma linha tênue entre ficção e realidade.”
Contato
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FICHA TÉCNICA
Direção: Vinícius Eliziario
Produção: Omibulu (Erick Docilio)
Roteiro: Vinícius Eliziario e Omibulu
Fotografia: Otávio Conceição e Vinícius Eliziario
Som: Cícero Dias
Montagem: Vinícius Eliziario
Crítica
Em uma das aulas na faculdade, na cadeira de documentário, os alunos manifestaram suas opiniões sobre suas afetividades com o gênero. Alguns estudantes diziam que gostavam mais de documentários com entrevistas e outros documentários que passavam por um campo mais subjetivo na forma e temática. Nas argumentações, uma palavra sempre chegava na discussão, o realismo. Diferentemente da ficção, o documentário pode ter intervenções o tempo todo dos elementos que participam da mise-en-scene, principalmente a câmera, diretor e personagens. Entretanto, Procura-se Bixas Pretas, película dirigida por Vinícius Eliziario, é filmado em um cenário, tem intervenções, parece com um antigo filme do Eduardo Coutinho e seus diálogos são estimulados por atores. Todas as articulações conduzem para um espaço ilusório, contudo, ele transpira realismo.
O documentário é sobre um teste de elenco para um curta-metragem, Tigrezza, no qual os personagens têm que repetir um monólogo enquanto duas câmeras observam suas interpretações. Explicitamente, existe uma mobilidade entre espontaneidade e encenações, os personagens que manifestam seus rostos alegres e abatidos naqueles veículos de registro visual e sonoro. Quando as perguntas do diretor ocorrem no meio daquele jogo de cena, os próprios atores não conseguem segurar suas atuações no personagem do curta-metragem. Entre o manifesto de autenticidade e ilusão, os atores viram livros de histórias ao relatar o quanto o corpo negro vem sofrendo com a ausência de vinculações admiráveis de paixão.
Em certo momento, os personagens dialogam como é difícil expressar suas sexualidades naquele cotidiano que se o corpo negro é descartável, o corpo gay (ou viado) é irrelevante. Os indivíduos dentro daqueles 25 minutos, não têm privilégios de apelidos carinhosos ou finais felizes como romances modernos. O máximo que eles podem praticar é ter o senso de sobrevivência em um país que deseja o sangue negro LGBTQIA+ nas regiões mais baixas, como os degraus que dividem a calçada verde e amarela, do asfalto negro.
Wandryu Figueredo
amei demais, narrativa muito interessante