Retalhos Clara Coelho e Thales Seixas, 23’, UFPE

Sinopse

Retalhos é um documentário sobre figurino no cinema pernambucano que acompanha o relato de três figurinistas: Paulo Ricardo, Caroline Oliveira e Rayanne Layssa. A partir de uma auto-descrição dos figurinistas sobre suas histórias, processos, contextos e entendimentos, o curta constrói uma performance narrativa a fim de sintetizar e experimentar as informações e os processos. Relato e performance se costuram em uma linguagem a fim de explorar: O que é figurino? O que é fazer figurino em Pernambuco?

Contato

thales.seixas@ufpe.br

FICHA TÉCNICA

Direção: Clara Coelho e Thales Seixas

Produção: Clara Coelho e Thales Seixas

Roteiro: Clara Coelho e Thales Seixas

Fotografia: Áquila Félix e Williane B. Ferreira

Direção de Arte: Clara Coelho e Thales Seixas

Som: Felipe Andrade e Lucas Marçal

Montagem: Rayssa Barreto

Trilha Sonora: Ítalo Souza

Crítica

É curioso como, apesar do modelo formal, a constituição conceitual de ”Retalhos”, dirigido por Clara Coelho e Thales Seixas, funciona bem em combinar o modelo conhecido com sua proposta. Tratando de profissionais pouco visualizados, em persona não em trabalho, do audiovisual, o filme apresenta três figurinistas em estúdio para falar sobre seus processos, biografias e experiências. Paulo Ricardo, Caroline Oliveira e Rayanne Layssa são apresentados em fragmentos – ou, se preferir um sinônimo, recorrer ao título da obra – e suas falas e saber-fazer da área são costurados pela performance visual de Itioko Santiago.

Com muita generosidade, é desvelado as confluências de opiniões e especificidades de métodos que cada um apresenta. Enquanto personagens da obra, há perfis que vão do artístico e político, prático e produtor, universitário e criativo, e as matrizes que são possíveis por combinações dessas, em falas que contemplam a sensorialidade, o acaso, as falas dos tecidos, das roupas e dos ritos. A condução é em tom de conversa. É tudo real e material como o que se põe sobre a pele: desde o acúmulo de funções na cena de cinema independente, a necessidade de se virar com poucos recursos, se sustentar pelo trabalho árduo e, por vezes, invisível e as idas ao centro em garimpo por tecidos e ideias.

A performance que amarra as cenas, mostra um trabalho que é construído aos poucos, em mãos nuas, mas com atenção plena. Em momento de maior especificidade dos relatos, Paulo fala do processo que envolve atores, com a referencialização do mundo interior, com seus medos e desafios, posto ao mundo em proteção que se veste. Carol, como prefere ser chamada, olha ao mundo e sabe, como os outros, que ele se expressa e só espera para conversar com uma obra, e essa conversa pode ser uma pequena jaqueta rosa. É um entrelaçar de muitas mãos, pensando os objetos com efeito e afeto, sensíveis ao que é dito em silêncio por quem tanto presta atenção nos seres humanos e seu subjetivo posto em trama.

Raphael Prestes