Sintomático Marina Pessato, 4’, PUCRS

A opressão é herdada?

marinapessato.cinema@gmail.com

Direção, Produção, Roteiro, Fotografia, Direção de Arte, Som, Montagem, Trilha Sonora: Marina Pessato

Sintomática é um filme-carta que através da interlocução com os espectadores, proposta pelo dispositivo epistolar, elabora os sintomas do contemporâneo. Um exercício de linguagem cinematográfica que abraça a verborragia e imagens do cotidiano para propor divagações e reflexões feitas com o próprio real e, no caso desse curta, com uma centralidade na experiência com a cidade. No percorrer da narrativa, acompanhamos a realizadora Marina Pessato nas investigações do facismo na sua cidade Ibirubá, no Rio Grande do Sul, cidade como ela mesma pontua: interiorana e conversadora. O filme também interpela a experiência íntima da realizadora, que de maneira muito honesta, fala sobre a sua relação com a violência de gênero, com a educação bancária (para trazer Paulo Freire para a roda) e outros atravessamentos pessoais.

Sintomático é simples na sua forma, mas robusto nos gestos de filmar e ler o mundo. Marina é perspicaz ao trazer os fantasmas do passado da sua cidade, como as experiências cruéis e mórbidas feitas por nazistas na metade do século XX, para interrogar as persistências dessas violências nos eventos recentes do país. Em certo momento, ao filmar as pitangueiras que são marcas identitárias da cidade, ela busca as raízes, reverberando a sua investigação por pistas e sintomas que possam desvelar problemas profundos e estruturais do Brasil. Está aí o grande mérito do filme, sintetizar movimentos históricos de um país.

Paulo Pontes