Premiação Júri Oficial Mostra Nacional – VI MOV Festival

Os festivais de cinema desempenham um papel crucial no desenvolvimento de realizadores e realizadoras, atuando como a engrenagem que impulsiona oportunidades em um ambiente de disputas, egos e frustrações. O cinema é mágico, mas também pode ser doloroso.

Em contraste, os espaços formativos de cinema — como universidades, oficinas e cineclubes — oferecem um ambiente onde acertos e erros caminham lado a lado, permitindo uma experimentação mais livre e menos influenciada pelo conservadorismo formal. Esses espaços têm sido constantemente agitados pelas mudanças sociais e políticas que vivenciamos no país. É inegável, por exemplo, como a criação de novas imagens está se expandindo para o interior, trazendo perspectivas além da hegemonia.

Dentro desse contexto, o Festival Mov. frequentemente ocupa o papel de primeira janela para essas imagens, oferecendo o visionamento coletivo que chamamos de cinema. Essa responsabilidade gigantesca é tratada com um olhar carinhoso, responsável e atencioso em relação aos filmes exibidos. O amor e a vontade de fazer cinema unem o festival e as produções apresentadas. Nesta edição do Mov., conseguimos testemunhar uma diversidade de formas de fazer e aprender cinema por todo o Brasil. Parabéns ao festival e à curadoria.

Refletindo sobre esses pontos, o júri premiou filmes que transmitem a vontade de fazer cinema, a despretensão crítica na criação e a responsabilidade de estar em um mercado tão desafiador. Parabéns a todos os realizadores, realizadoras e equipes dos filmes do Mov. 2024. Vocês são preciosos.

Com isso vamos aos prêmios:

Prêmios VI MOV Festival

MELHOR SOM

Kalel Pessôa, Arthur Oliveira e Lucas Chefe – Pálido Ponto Vermelho

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Tiago Sottomaior – Admirável Evolução

MELHOR MONTAGEM

Ricardo Santos – Trabalho Caótico de Cinema – TCC

MELHOR FOTOGRAFIA

Maria Clara Oliveira – Paçoca

MELHOR PERFORMANCE EM ATUAÇÃO

Ana Marlene – De Tanto de Telha no Mundo

MELHOR ROTEIRO

Giovanna Castellari – Cida Tem Duas Sílabas

NOVO OLHAR

Yby Katu – Geyson Fernandes 2024 | UFRN (RN)

JOGO DE CENA

Cabeça de Boi – Lucas Souto 2023 | UFC (CE)

CRIAÇÃO DE ATMOSFERA

Madrugada – Madrugada – Gianluca Cozza, Leonardo da Rosa 2022 | UFPEL (RS)

CONSTRUÇÃO DE NARRATIVIDADE

Habito – Fernando Santos 2024 | UFRB (BA)

DESTAQUE PERNAMBUCO

Será Que as Casas Também Sentem Saudade? – Leandro Machado 2023 | UFPE – CAA (PE)

MELHOR FILME

Trabalho Caótico de Cinema – TCC – Ricardo Santos 2024 | UNIAESO (PE)


Prêmio da Crítica Nacional

Fortemente simbólico, o objetivo da arte perpassa pela ação de arrancar do meio material percepções, elaborando dinâmicas sensíveis capazes de apresentar narrativas sobre perspectivas distintas. A mostra nacional do VI MOV foi a materialização desses objetivos. Passeando por diferentes construções, os filmes selecionados engrandeceram as cinco regiões do país e nos apresentaram histórias divergentes, mas igualmente cativantes. Dentre eles, acreditamos que o cinema orquestrado a partir da identificação comum entre universitários e produtores audiovisuais independentes é o que torna a curadoria da mostra nacional tão significativa. Por essas razões, bem como pela atitude criativa frente à flexibilização de estilos, sustentada pela articulação de imagens de arquivo na criação de uma narrativa afirmativa, o prêmio da crítica de melhor filme da mostra nacional vai para Habito, de Fernando Santos

Habito – Fernando Santos 2024 | UFRB (BA)

Premiação Júri Oficial Mostra Internacional – VI MOV Festival

As mostras competitivas internacionais trouxeram perspectivas diversas sobre a imaginação do universo secreto do outro, levantando questões como: “Como cruzar os limites das bordas?” ou “Se o comportamento individual é como uma bolha, como me misturar ao outro sem me estourar?”, “se o amor é uma informação universal, porque encontramos barreiras ao tentar acessá lo?”

Com filmes que nos colocam diante daquilo que faz nascer a linguagem, a necessidade de dois mundos se tocarem, com a urgência de comunicação. Roost, nos coloca na perspectiva desse fantasma, acompanhando as reações de dois jovens que dividem o mesmo espaço e se afogam numa nuvem de projeções sobre o mundo interno do outro.

No entanto, um fantasma amorfo emerge quando dois corpos culturais se chocam: uma nuvem espontânea de símbolos, sentidos, sentimentos e informações, colidindo uma projeção com outra. Estamos falando de relações humanas ou de cinema?

Esses filmes nos convidam a refletir sobre a condição do ser humano individual e sua necessidade vital de se comunicar. Ao encarar o outro, muitas vezes nos deparamos com a perplexidade de não conseguir decodificá-lo por completo, o que desperta paixões ou revoltas.

Quando esses corpos culturais se encontram, o “fantasma amorfo” surge — uma nebulosa de símbolos e sentimentos sobrepostos. É como se uma projeção colidisse com outra, criando um espaço onde as interpretações se multiplicam e, por vezes, se tornam desconcertantes. Esse encontro entre culturas, pensamentos, expectativas e sensibilidades é tanto enriquecedor quanto confuso, deixando-nos sempre questionando a autenticidade das relações e histórias que vivemos.

há de abaixar a poeira dos dados virtuais para que possamos ver nossas imagens menos fragmentadas, mas agora, no início do furacão, nossas imagens estão se borrando e fragmentando, se espalhando. não conseguimos mais encontrar as bordas das pessoas ou das ideias, por tanto tudo é imenso e sem medida. Assim, é a experiência cinematográfica atual, onde é preciso se dispor emergir da contínua piscina de informações, para dar atenção a uma única história. Nunca foi tão difícil entender um filme e conhecer alguém.

NOVO OLHAR

Roost – Luo Wan yi 2024 | China

JOGO DE CENA

DATAETERNA – Axel Chemini 2022 | França

CRIAÇÃO DE ATMOSFERA

La sombra del querer – Ale Gálvez 2024 | Chile

CONSTRUÇÃO DE NARRATIVIDADE

The Snowdrops – Aidar Gainulla 2024 | Federação Russa

MELHOR FILME

Uma Mãe Vai à Praia – Pedro Hasrouny 2024 | Portugal